Fim

Eu penso sobre o fim. Gosto de fazê-lo e mais do que isso, não consigo deixar de pensar sobre o fim das coisas, das pessoas, dos momentos. Imagino o fim do que acabou de começar, talvez seja por querer adiar o máximo possível desse fim, talvez seja por saber que nem todas as coisas duram pra sempre, talvez eu só queira estar preparada para o momento que eu sei que irá chegar, embora eu não queira. Talvez sejam todos os ‘talvez’ juntos.

Foto desenho Ana Vitória R. Cunha

Foto desenho Ana Vitória R. Cunha

E é por isso que eu gosto tanto de fotografia. É simplesmente mágico o poder que tem de parar um momento antes que ele acabe. Eterniza-se um abraço e uma pessoa se vê pra sempre sorrindo. É reconfortante saber que aquele momento específico não vai acabar e que aquela risada vai ecoar pra sempre na mente de quem se deparar com tal foto.

Eu gosto de pensar no fim por estar tão envolvida no meio. Penso no fim por medo. Medo do fim e do posterior começo e medo de tudo acabar de novo, e mais medo ainda de não começar nada, presa num fim eterno, como uma fotografia de uma lembrança ruim. Por mais mágico que seja eternizar um momento em uma fotografia, é estranho pensar que tudo vai ser o mesmo pra sempre.

A verdade é que penso sobre o fim pra saber moldar o começo e viver o meio da maneira mais bela que me for permitido, e me preparando sempre para não me deixar sufocar pelo fim, que às vezes, como um emaranhado de cordas, se enrosca em meu pescoço e em meu corpo inteiro. Vigio-me sempre pra não deixar que tais cordas me sufoquem, pois mais importante que isso, é preocupar-se com o novo começo, e procurar começar bem o que quer que seja.



Texto de Flavia Caixeta. Acadêmica de Jornalismo na Universidade Federal do Tocantins. Cronista do Correio flaviaTocantinense. Gosta de ver a vida da melhor forma possível.



 

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